Moça do cachecol vermelho, olhando pela janela. Música, até acabar a pilha. Se ela tenta sentir o vento da noite pelo caminho, só consegue se esfriar no ar-condicionado. O que ela gosta é da poesia, e das luzes, e dos prédios, do vazio não. Só o que ela sabe é que é menos especial do que gostaria, mais normal do que conseguiria. Ninguém sabe que ela é romântica, só porque ela não conta. Porque cada sonho, que ela constrói tantos antes de deitar (ou agora), parece que alguém faz questão de desconstruir devagar, enquanto ela dorme. Esses dias falaram assim: amo você. E falaram do futuro, de viagens, de fofurices até de madrugada. Depois não disseram mais nada, nunca mais, nem oi. E todos os planinhos ficaram na estrada. Amor tem prazo sim, pra começar; pra terminar não.