terça-feira, 10 de julho de 2012

Clube da Luta


"- Ser despedido é a melhor coisa que nos pode acontecer - diz Tyler. - Assim a gente consegue sair do lugar e fazer alguma coisa na vida."
foi essa a primeira coisa que eu li quando abri o livro depois de ter acabado de sentar no ônibus, às 7:05 da manhã de hoje. tava grifado, emprestei o livro de uma pessoa que grifa (eu não grifo). Fight Club foi um dos melhores filmes que eu me lembro de ter visto, e agora depois de tanto tempo achei alguém disposto a me emprestar o livro - sensacional também.
6:30 eu acordei, fui lavar o rosto. enquanto escovava os dentes fiz uma meia dúzia de projeções futuras assustadoras e me deu vontade de chorar. me arrumei rápido, saí sem comer nada, com cara de choro e uma sensação bem ruim de que as coisas não iam mudar pra melhor. mas iam mudar.
sentei no fundo do ônibus com as mãos congelando, peguei o livro de dentro da bolsa, tirei o marca-páginas de lado e li essa fala do Tyler. tipo um soco.

sábado, 7 de abril de 2012

Sobre alemães e roteiristas de novelas

Imagine a cena:

Sexta à noite, festa da engenharia. Vou, porque, né, nada mais pra fazer em uma sexta à noite. E ando meio triste, muita coisa pra fazer na universidade, então vou tomar umas cervejas antes de ir pra festa. Eu e minha amiga começamos a falar em inglês, porque ela precisa treinar e eu bebi o suficiente pra não ligar se eu estou falando *muito* errado. Hora de ir pra festa, já depois de 3 ou 4 cervejas. Chegamos lá, mais cervejas pra não perder a dose dupla. Amiga sugere tequila, mas sou muito esperta e não quero morrer passando mal. :)

Vejo os alemães por perto. "Olha, aqueles meninos estão visitando o inf! Vou lá falar com eles!". Ótima ideia pra quem já bebeu o suficiente. Obrigada, álcool (sério, sem ironias). Puxo papo, em inglês, começamos a conversar. Me aproximo do mais bonito e mais alto, mais loiro e dos olhos mais azuis. Nos beijamos. Momento mágico (e alcoolizado), só lembro de flashes da noite. Hora de ir, combinamos de nos encontrar no parque no dia seguinte. "Mas 3 pm de verdade, ou 3 pm você vai sair de casa?" How cute... uma semana no Brasil e já sabe dos nossos hábitos de atraso. "3 pm de verdade". 

No outro dia, acordo depois da 1 da tarde. Banho, etc, já é 2h40. Não posso me atrasar, não dá tempo de comer. Vou pro parque, ele já está lá. Mas eu cheguei às 3 em ponto. Vamos passear, fazemos a rota turística padrão, redenção - gasômetro - Lima e Silva pra comer. Um bar com cervejas diferentes após a janta. "Tenho cerveja no meu quarto de hotel". Claro, porque só precisava de uma desculpa.

De manhã no Domingo: "Jantamos juntos?". Ok, eu respondo. Tinha almoço com amigos marcado. Nos encontramos pra jantar, and that's all. Todos cansados, cada um pra sua casa. 

Segunda-feira, sabiamente não digo a ninguém que estou ficando com aquele alemão lindo que frequenta a sala do lado. Vai que ele resolve agir como 90% dos homens e só me dar tchauzinho de longe (ou nem isso)? Entro na minha sala após as aulas da manhã. Cerca de 10 minutos depois, ele entra, me dá oi, me beija na boca e pergunta se vamos almoçar juntos. "Claro, quando for almoçar me chama". Meus amigos, meio chocados: "Quem é seu boyfriend? Por que eu sempre sou o último a saber das coisas?" "Viram que ela está namorando com um dos alemães da sala do lado? E é o mais bonito, ainda! Quer dizer, o cara é muito bem apessoado..."

E assim começou a semana mágica. Cada momento com ele eu vivia como se fosse o último. Cada vez que eu acordava do lado dele, eu tentava aproveitar como se fosse a última vez. Tentava capturar todos os detalhes dos olhos azuis-acinzentados, o sorriso fofo, o jeito que ele falava "hey you"... E eventualmente foi a última vez. "You know, you can't avoid it." "I know... but you can't blame me for trying." "No... no, I can't." E sorriu lindamente. 

Na despedida final... "So, you'll call me when you go to Europe, right?" "Of course. And you, call me if you ever come back to the Great Republic". Piadas internas. Risos. Bye bye, gorgeous german guy. 

Estamos trocando e-mails. Não e-mails apaixonados. E-mails falando do que acontece na vida. Coisas que temos que fazer, coisas que impedem que façamos outras... e como um sente falta do outro, eventualmente. Em pouco tempo, os e-mails param. Daqui uns anos, vou pra Alemanha. Não vou encontrá-lo. A última vez que nos vimos foi na parada de ônibus, ele entrando no D43. The end.

Obrigada por isso, roteirista maldito.

quarta-feira, 28 de março de 2012

a mania de relacionar coisas sem conexão

sabe quando a gente é criança e consegue dar aquele super grito ardido e ensurdecedor? hoje tentei, mas minha garganta de vinte e seis anos não deu conta.
tinha vindo aqui escrever algo sobre como eu gostaria que as pessoas fossem mais randômicas e despretensiosas, ou sobre como eu gostaria de ser menos exigente e mais apaixonável... mas tem habilidades que a gente vai perdendo com o tempo, aparentemente.
tem uns choros que surgem do nada, né?






(e tem umas coisas bobas que a gente só escreve onde sabe que ninguém vai ler).

domingo, 4 de março de 2012

eu me apaixono toda vez que eu vou lá naquele buteco, porque o cara perfeito mora lá. não me importa se a fama dele não é das melhores, se ele é casado ou se ele é a porra do dono do bar; ele é tímido e tem covinhas. não tem como ser indiferente a isso.
ele é o cara mais apaixonante da cidade.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Live for the right things...

Como devem saber, as colaboradoras deste blog são amigas de longa data e, atualmente, moram em cidades diferentes. Tentamos nos reunir todo final/começo de ano para colocar os papos em dia e fortalecer a amizade. Recentemente começamos uma linda tradição de estabelecer resoluções de ano novo, escritas em papeizinhos a serem lidos no ano seguinte. Em 2012 definimos uma resolução coletiva de ressuscitar o blog: s
elamos o acordo numa mesa de bar e na ausência de uma das indivíduas (como é mesmo o nome dela?), o que compromete um pouco a credibilidade da proposta. No entanto, no que depender de mim, ela está de pé ;)

Resolvi que o primeiro texto desse novo tempo vai ser motivacional, porque acabei de ler algo muito inspirador. Sempre gostei muito de citações, mas hoje em dia elas perderam um pouco a graça com esse monte de gente chata postando coisas copiadas. Apenas do facebook pra fora: vão lá, dão um Ctrl+C/Ctrl+V numa frase linda (Clarice Lispector, Caio F. Abreu), colocam uma foto com efeito vintage... mas pessoalmente continuam sendo irritantes, continuam não fazendo absolutamente nada pra melhorar a vida de ninguém, e o pior de tudo: continuam vivendo pelas coisas erradas. Mas o fato é que agora há pouco li essa frase (ironicamente no twitter) que me inspirou - pelo menos a escrever esse texto:

"Se há algo que você pode fazer, ou sonha que pode fazer, comece a fazê-lo. A ousadia traz em si genialidade, poder e magia. Comece agora."

(W. H. Murray, The Scottish Himalayan Expedition – atribuído a Goethe)*

Ler isso me deu uma vontade absurda de parar de gastar meu tempo vivendo essa vidinha idiota de "pode ser que aconteça alguma coisa boa no futuro, mas enquanto isso vou ficar aqui vendo mais um episódio desse seriado que saiu ontem". Me deu vontade de ter coragem de novo. A gente estabelece muitas metas, se frustra por não conseguir atingir a maioria delas e com o tempo vai desistindo das outras. Mas o bom é que existem livros, filmes, músicas e mesmo pessoas que te trazem de volta, que te fazem ter vontade de ser melhor. E foi assim que hoje eu falei pra mim mesma: vai lá ler sobre coisas realmente importantes, vai estudar, vai escrever de uma vez por todas o teu artigo do mestrado... Se compromete de verdade, vai atrás das coisas, não deixa pro mês que vem. Atreva-se a mudar a sua vida.


Uma das músicas que eu mais gosto (Sun Hits The Sky) , de uma das bandas que eu mais gosto (Supergrass), tem um trecho assim: "live for the right things... be with the right ones.":



Eu sempre lembro desses versos e penso que, pelo menos, com os "certos" eu já estou ;)





*o excerto é mais bonito em inglês:
"Until one is committed, there is hesitancy, the chance to draw back-- Concerning all acts of initiative (and creation), there is one elementary truth that ignorance of which kills countless ideas and splendid plans: that the moment one definitely commits oneself, then Providence moves too. All sorts of things occur to help one that would never otherwise have occurred. A whole stream of events issues from the decision, raising in one's favor all manner of unforeseen incidents and meetings and material assistance, which no man could have dreamed would have come his way. Whatever you can do, or dream you can do, begin it. Boldness has genius, power, and magic in it. Begin it now."


ps. Lembrei o nome dela: Ane, we love you

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Velhice emocional


Com o tempo você percebe que, mesmo aos 26 anos, você não aprendeu certas coisas sobre por exemplo: o amor. Melhor dizendo, sobre relacionamentos. Já que em alguns momentos da sua vida você para de acreditar que ele, o amor, realmente existe. Você por acaso viu o amor hoje? Porque eu tenho visto somente aparições fantasmagóricas me dizendo coisas absurdas, até mesmo em outros idiomas. Eu, depois de ter "amado" um cara e sentido todas as dores de estômagos possíveis [ para mim o amor não está no coração (que bobagem, nem no cérebro com seus neurônios idiotas) e sim no estômago com todas as borboletas existentes no universo ] aprendi muitas coisas sobre dores na cabeça, leia-se chifres, depois de ter amado outro cara e ter sentido a dor de quase ter sido mãe decidi: nunca mais quero namorar. Nessa altura eu já nem acreditava mais no amor. Passou dois dias e já tinha outro cara na área. Pra mim é fácil, ou melhor era fácil, encontrar alguém pra dividir meu dia ou meus links e tweets, scraps etc. Cansei, fiz a mochila e viajei. Me apaixonei por um cara mais novo, 6 anos mais novo e lindo. Tão lindo que dói ele não ter me quisto. Saí dessa com um choro n pelos ares de Santiago. Acho que era os sinais da velhice. Fiz a mochila de novo e me apaixonei outra vez, por um cara mais novo outra vez e não fui correspondida outra vez. Mas no alto do salto da velhice dos 26 anos fui lá e beijei o garoto. Eu não podia perder a oportunidade de tentar, afinal eu tinha gostado do cara. Namorei o cara, fiz a mochila e, forçada pelo destino, voltei. Deixei o maldito do meu estômago com as dores mais terríveis que jamais havia sentido antes. Hoje com metade do cérebro funcionando, já que a outra metade tenta me dizer todos os dias como sou burra em namorar um cara que mora em outro hemisfério, tento sobreviver. Capengando, totalmente sem talento para relacionamentos, chorando pelos cantos como uma verdadeira mulher burra de 26 anos, desempregada e tentando acreditar que um dia vai parar de ver fantasmas.